O que é Ethereum, Smart Contracts e dApps?

O Ethereum, ou a rede Ethereum, é uma blockchain paralela a do Bitcoin – elas não têm nenhum tipo de relação e são projetos distintos. Isso significa que ela possui suas próprias regras: a mineração e o halving funcionam de maneira diferente da rede Bitcoin.

O Ethereum foi concebido em 2013, por Vitalik Buterin, em cooperação com Gavin Wood e Jeffrey Wilcke. O white paper divulgado neste ano discorre sobre o por que de se criar uma blockchain nova:
“A criação do Bitcoin por Satoshi Nakamoto em 2009 foi um desenvolvimento radical para o dinheiro e a moeda, sendo o primeiro ativo digital que não tem lastro nem um emissor/controlador. Entretanto, outra parte importante do Bitcoin é a tecnologia blockchain como forma de consenso distribuído, e a atenção está rapidamente se dirigindo a esse aspecto do Bitcoin. […] O que o Ethereum pretende prover é uma blockchain com uma linguagem da programação Turing-complete […] que pode ser usada para criar sistemas e aplicações”

Comparando a rede Ethereum com a rede Bitcoin, cada uma segue objetivos diferentes: a solução que o Bitcoin fornece é a de propiciar pagamentos ponto a ponto, registrando em sua blockchain os registros dessas transações de maneira imutável, descentralizada e segura. Eventualmente, porém, novas ideias surgiram: se é possível armazenar registros de transações dessa maneira, por que se limitar a apenas esses registros? A ideia do Ethereum é de ser uma blockchain de uso geral, onde é possível armazenar qualquer coisa, até mesmo códigos de programa, executando-os de maneira descentralizada, indo além do registro de transações ponto a ponto. Isso não significa que não é possível registrar transações na rede. Na blockchain Ethereum, a moeda de troca é chamada de ether, seu símbolo é ETH.

Os programas executados pela rede Ethereum são os Smart Contracts (contratos inteligentes). Uma coleção de vários contratos inteligentes formam um dApp (aplicativo descentralizado). Durante 2021, houve um grande aumento no número de desenvolvedores de aplicativos descentralizados, o que alavancou ainda mais a rede, tornando-se a segunda maior blockchain.

Os Smart Contracts – contratos inteligentes – são simplesmente instruções sequenciais que rodam na blockchain Ethereum. Um conjunto deles forma um aplicativo descentralizado, que possui dados e funções que são executados sequencialmente, como qualquer outro programa, toda vez que um novo bloco é inserido na blockchain Ethereum. Os contratos inteligentes podem ser adicionados na blockchain por qualquer pessoa. Eles são escritos em solidity, a linguagem da programação desenvolvida exclusivamente para eles.

Um aplicativo descentralizado normalmente é composto por uma interface (geralmente um website), que se comunica diretamente com a Ethereum, executando um conjunto de contratos inteligentes. Um dos tipos de aplicativo descentralizado que se popularizou durante 2021 foi o decentralized finance, ou DeFi (finanças descentralizadas). Esse tipo de aplicativo permite que o usuário utilize instrumentos financeiros de maneira descentralizada.

Um exemplo disso são os empréstimos: no mundo real, a pessoa que quer emprestar seu dinheiro geralmente precisa abrir conta numa instituição financeira, como banco ou corretora (o que já envolve todo o problema de envio de documentos pessoais que são necessários na abertura da conta). Depois ela deposita seu dinheiro lá e empresta para outra pessoa que também utiliza a instituição. Nesse caso, ambas as pessoas precisam pagar taxas de serviço e deixar seu dinheiro sob controle de terceiros.

Com os aplicativos DeFi, é possível realizar empréstimos de seus ethers sem precisar delegá-los a terceiros nem pagar taxas de serviço.