Multimídia em lugares públicos – Carlos Alexandre, José Padilha

fevereiro 20, 2019 Off Por padilhaneto

Por: Carlos Alexandre e José Padilha

A democratização da internet e dos smartphones, junto ao surgimento de novas tecnologias a cada dia, traz oportunidades de mudar a maneira como planejamos ruas, espaços públicos, bairros e a cidade como um todo.

A queda dos preços e a miniaturização dos processadores permite a implantação de sensores em quase tudo: uma rede de sensores interligados em nossos relógios, roupas, calçados, lixeiras, carros, celulares e casas coleta e cria um fluxo de dados constante do qual muitas vezes sequer temos conhecimento. Precisamente, conforme artigo de Euan Mills, líder do programa Futuro do Planejamento, da Future Cities Catapult, “2,9 milhões de e-mails enviados por dia, 20 horas de vídeos subidos no YouTube por minuto, 50 milhões de tweets por dia, sem contar a infinidade de posts nas redes sociais, buscas no Google e compras na Amazon que são continuamente monitorados”.

Na prática, a tecnologia já modificou a maneira como vivemos e utilizamos as cidades. Aplicativos amplamente disseminados como Airbnb e Uber mudaram a maneira como ocupamos o ambiente urbano e nos deslocamos. Além deles, outras inovações mais sutis – mas igualmente impactantes – também estão alterando a forma como planejamos deslocamentos cotidianos: é o caso das informações em tempo real sobre o trânsito possibilitadas pelo Waze; o Citymapper, que integra todos os meios de transporte disponíveis para o cálculo da melhor rota; sem falar nas possibilidades de compartilhamento de bicicletas, oferta de caronas e espaços de co-working.

A tecnologia otimiza e qualifica o planejamento urbano ao permitir, por exemplo, a simulação do espaço urbano e sistemas de monitoramento em tempo real. Não apenas para elementos quantificáveis, mas para tudo o que é necessário saber sobre as cidades a fim de que o processo de planejamento urbano seja o mais preciso possível: se as habitações e construções estão sendo ocupadas, como as ruas são utilizadas e mesmo como as pessoas se sentem em parques e espaços públicos.
A possibilidade de monitorar os impactos das políticas de planejamento permite que as gestões municipais estabeleçam planos mais flexíveis, que criem, essencialmente, lugares onde as pessoas queiram viver ou estar. Em vez de publicações fixas e estanques, podem ser instrumentos de mudança, adaptáveis conforme as necessidades da população e as mudanças no próprio ambiente urbano.

Já é possível observar passos nessa direção. Soluções como o UrbanPlanAR, por exemplo, exploram a realidade aumentada para simular novas edificações no local onde serão instaladas antes da construção. Outras, como Land Insight e Urban Intelligence, estão criando crescentes bancos de dados sobre políticas e aplicações de planejamento. A consolidação de dados ajuda a criar ferramentas que avaliam automaticamente as propostas de desenvolvimento em relação às políticas de planejamento e normas construtivas, antevendo uma série de aspectos, tais como: o impacto microclimático que a construção terá no entorno, em termos de bloqueio do vento e/ou da luz do sol; impactos visuais do empreendimento no bairro; qualidade habitacional; e até mesmo a viabilidade econômica.

Acima de tudo, é preciso assegurar que os dados sejam abertos e acessíveis à população, que as ferramentas de planejamento sejam transparentes e que as políticas públicas e diretrizes sejam claras e responsáveis. Trata-se de qualificar as cidades e democratizar o próprio planejamento urbano. O resultado: cidades mais bem planejadas, com espaços públicos mais bem construídos e preparados para o ambiente em constante mudança característico das cidades.

Referência: https://www.archdaily.com.br/br/876310/espacos-publicos-o-que-o-planejamento-urbano-pode-ganhar-com-a-tecnologia